12.1.12

11/22/63 - Resenha


Como muitos já sabem, 11/22/63 é um romance de Stephen King que envolve viagem no tempo. Em primeiro lugar, se você espera um livro de ficção científica, procure outro livro. Se você espera que o nome Stephen King vá significar um livro de terror, é melhor ler A Coisa (It), O Cemitério (Pet Sematary) ou Christine.
11/22/63 é um romance que retrata a trajetória de Jake Epping para mudar a história do mundo. Jake é um professor de ensino-médio que, através de um estranho quarto em um restaurante no Maine, consegue voltar para o ano de 1958. Jake decide então viver no passado para fazer algo que, teoricamente, vai melhorar o futuro da humanidade (sobretudo dos EUA e, segundo seus pensamentos, do Vietnã): salvar a vida de John F. Kennedy, presidente dos EUA eleito em 1961.
O romance de quase 900 páginas retrata a trajetória de George Amberson (nome que Jake Epping adota no passado) seguindo os passos de Lee Harvey Oswald, assassino de JFK, enquanto tenta levar uma vida quase normal, escondendo de todos seus objetivos e, obviamente, de onde (quando) veio.
O livro consegue fazer o que todo bom livro faz, prender o leitor por muitas horas. É bastante interessante ver como eram os costumes dos anos 60 nessa perspectiva, tendo um personagem para comparar a realidade norte-americana de 2011 (mesmo essa sendo um tanto quanto diferente da realidade brasileira) com a realidade do passado. Com 11/22/63, o leitor consegue, também, aprender detalhes sobre Oswald, suas intenções, aonde viveu, com quem lidava ou o que fazia. Apesar de muitas partes terem sido inventadas por King (é impossível saber tudo que aconteceu), o livro dá um background bem interessante sobre a vida de Oswald. Kennedy, apesar de ser o foco do livro, não é tão bem descrito quanto Oswald, já que o assassino está praticamente "vivendo" com Jake Epping e a história é em primeira pessoa. Kennedy é um pano de fundo, um objetivo a ser alcançado. Além deles, o livro conta com personagens importantes na história norte-americana como George de Mohrenschildt (geologista influente e amigo de Oswald), Marina Oswald (esposa de Oswald) e Edwin Walker (general racista).


[A partir daqui podem haver spoilers]

Seguindo os passos de Under the Dome, King escreveu mais uma vez uma história sem nada de terror, com foco na vida dos personagens (embora com bem menos personagens que Under the Dome). King retrata, sempre muito bem, a vida de Jake na cidade de Jodie (inventada) no Texas, enquanto passa o tempo em que não está investigando a vida de Lee Harvey Oswald em Dallas. A vida de Jake se entrelaça com a vida de muitos outros personagens, como Sadie Dunhill, que torna-se namorada de Jake. Para Jake, essa é sua nova vida, embora ele tema sempre o efeito borboleta, isto é, algumas mudanças menores que ele causou no passado causarem mudanças drásticas em seu futuro, principalmente num certo dia do mês de novembro de 1963.
Fãs de A Coisa (It) também vão comemorar: parte da vida de Jake em 1958 (esse ano já desperta sentimentos nos fãs do livro) é em Derry e ele encontra Beverly Marsh e Richie Tozier, ainda crianças, logo após seu confronto sinistro com um demônio em forma de palhaço que todos conhecem muito bem. Um diálogo divertido que fará muito mais sentido para quem já leu A Coisa se dá entre Jake e as duas crianças.


É também bastante pertinente como King lida com os efeitos da viagem no tempo e o uso "abusivo" dela, através de um personagem chamado de Homem do Cartão Amarelo, que é equivalente à um conselheiro para pessoas que descobriram a fenda no tempo. Outro fato interessante é como essa viagem funciona: a pessoa pode voltar no tempo para 1958, passar anos no passado e voltar a hora que quiser para 2011 e só terão se passado alguns minutos. Com isso, é possível ver quais as consequências dos seus atos. Porém, ao viajar de 2011 para 1958 acontece uma reinicialização e tudo que a pessoa fez anteriormente é perdido. 

No geral, 11/22/63 é um livro excelente, que merece logo uma tradução para o português e mostra que King é um escritor excelente, seja escrevendo terror ou outro tipo de história.

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